“Nunca, na história desse país,” eu ouvi tanta mentira a respeito da Educação.
O Ministério da Educação (MEC) atribui a 4,2 milhões de alunos brasileiros do Ensino Básico (15% do total) um Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) que não reflete, de fato, a qualidade de sua aprendizagem. Eles estudam nas 88 mil escolas rurais do país (45% do total). As turmas de 4ª e 8ª séries desse mundo não fazem a Prova Brasil, como ocorre com os colegas das áreas urbanas. O resultado da Prova é o principal objeto qualitativo do procedimento de cálculo do IDEB. Por isso, localidades onde o ensino rural é dominante podem estar com o índice inflacionado por notas que consideram apenas a minoria urbana. Essa distorção as tira da lista de municípios prioritários do MEC e as priva dos investimentos e ações emergenciais que vêm sendo realizadas.
O governo mente ao veicular nos meios de comunicação que o IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação) cresce a cada ano. Há, no mínimo, inverdade nesta afirmativa. Como se pode dizer que o analfabetismo do país está caindo se – aconteceu comigo! – numa sala de 8ª série existem alunos que perguntam como se escreve o próprio nome? Outra vez, um aluno de onze anos alegou em sala não saber pronunciar seu sobrenome? Infelizmente, o que temos em mãos é um problema sério que as autoridades fazem questão de mascarar para a sociedade. Além disso, há ainda outro agravante: são as redes de televisão e sua programação pobre e apelativa, que trazem uma informação pronta e acabada, sobre a qual, na maioria das vezes, não é possível exercer uma análise crítica. Isto empobrece a capacidade de pensar. A TV é a maior concorrente da aprendizagem. E por que o governo não proíbe certos programas? Porque é mais fácil controlar quem não tem capacidade de criticar, analisar, pensar, o que facilita a alienação. Ou seja, é mais interessante, do ponto de vista do poder, governar uma nação de analfabetos funcionais que uma nação de pensadores.
A falta de compromisso dos pais com a escola é outro problema. Jogaram para nós (professores) a responsabilidade de educar 100% seus filhos. Digo sempre: A educação formal vem da escola e a educação moral vem de casa! Não é obrigação do professor dar ao aluno a educação que deve vir do berço. Casa é casa e escola é escola. Cada um tem seu papel. Mas é isso que os pais e a sociedade esperam. Muitos pais agem assim por que atropelaram fases da vida e foram pais muito cedo, sem viver sua infância e adolescência. Não amadureceram o suficiente para isso e hoje criam seus filhos da mesma maneira que foram criados. O papel da escola é formar para o mundo, é formar cidadãos, com uma educação baseada nos valores da ética, cidadania e respeito. Mas, sem querer adotar uma postura reacionária, qual é a criança que não precisa de uns tapinhas ou de um bom castigo para ter bons modos? E quem, além da família, pode dar esses tapinhas?
A família é à base da sociedade, mas, infelizmente, as novelas globais – como ficou demonstrado pela mais recente pesquisa sobre comportamento familiar desenvolvida pelo Banco Mundial – veiculadas no Brasil, que desde a década de 60 se encarregaram de desfazer essa base, mostram (erroneamente) que importante mesmo são coisas do tipo: ter filhos sem marido, criá-los sem regras nem limites, dar a eles tudo o que querem, que divórcio ou a crise da traição entre os pais são coisas normais, além do culto ao corpo, ao dinheiro e ao sexo, entre outros fatores. Isento-me aqui de qualquer culpa, pois, todo tipo de recurso que esteja ao meu alcance eu utilizo e nada muda. Com os colegas vejo a mesma situação.
Na sua maioria, os alunos continuam sem interesse. Já ouvi relatos de alguns que falaram que só vão para a escolar por causa do Bolsa Família, ou para namorar, ou por não terem o que fazer em casa, ou ainda por causa da merenda servida. Já tive de retirar da sala de aula alunos menores de idade embriagados. É uma situação que não se assemelha, nem de longe, ao que se quer passar através da mídia sobre a educação no Brasil. Claro que há outras realidades, em contrapartida, que se equiparam à educação de primeiro mundo. Mas nas faixas carentes do nosso país, a situação é semelhante a esta.
Ênio, em primeiro lugar, seja muito bem vindo ao nosso blog, com textos iguais ao seu faz desse espaço virtual algo ainda mais pensante, questionador e modificador. Não que nossas palavras escritas provoquem modificações (ja que não mudamos ninguém, as pessoas que mudam por contra própria). O fato é que é sempre bom estar conectado a realidades que existem em nosso pais. É certo que é mais facil fazer como a maioria da população que finge não ver o que está acontecendo ou simplesmente transfere para as mãos do governo a responsabilidades sociais, educacionais e saneamento básico. Dificil mesmo e descobrir quais serão os nossos pontos de fulga, quais as nossas soluções, pois o povo já está alienado. Não se vota mais em um presidente com uma proposta concreta, mas sim no que vai dar continuidade a BOLSA FAMILIA, talvez o grande cancêr das camadas mais necessitadas. Sim o Bolsa Familia é salvação para muitas casas, mas doença para outras, quando mães já não se preocupam com quantidade de filhos que terão pois serão providas pelo assistencialismo do programa em questão. Penso que a TV com suas novelas globais é o menor dos problemas, o nosso desafio ainda é e sempre será botar a mão na massa. Sabemos que ainda hoje há professores e alunos com vontade de mudar esse país, também acredito que ainda há soluções para mudar o país, não com receitas, mas com dinamismo.
ResponderExcluirAbraços Ênio.