segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

São Paulo cultural a preços populares


A vocação cosmopolita da capital paulista proporciona um mix de atrações e boa parte delas com preços simbólicos

Por Letícia Veloso







A mais importante cidade da América do Sul oferece inúmeras opções em programas culturais, museus, teatros, shows e tantos outros. Em geral, para se ter acesso a grande parte das atrações não é preciso gastar muito dinheiro. Pelo contrário,muitas opções são gratuitas.Como por exemplo, a 19° Festival Internacional de Curta que ocorreu em agosto de 2008 e reuniu produções tupiniquins e estrangeiras, além de debates com participação de cineastas renomados.

Em julho do ano passado, o Memorial da América Latina (um dos mais importantes conglomerados culturais das Américas) foi sede do Festival internacional de Animação (Anima Mundi), com atrações de graça e algumas com preços populares. Entretanto, boa parte dos programas culturais mencionados são freqüentados por um público restrito composto por estudantes universitários, professores e intelectuais. Em contrapartida, a população residente nas áreas periféricas mal tem acesso aos atrativos culturais disponibilizados na capital paulista.

Talvez, um dos fatores que justifica “a elitização” está ligado à localização dos eventos, que geralmente encontram-se nas áreas centrais de São Paulo. Muitas pessoas não têm condições de se locomoverem até os locais dos eventos. Há de se convir, um trabalhador que ganha R$500,00 por mês não gastará dinheiro com ônibus ou metrô para ir à paulista (avenida) ver uma peça teatral, pois prefere se divertir nos bailes e shows das praças locais.

Entretanto, se observarmos bem, trata-se de priorização. Quem não abre mão de passeios culturais na cidade de São Paulo, tão pouco se importará em pegar ônibus/trem/metrô. Por tantas vezes, encarei trajetos semelhantes e, garanto que valeu a pena saborear atrações inesquecíveis.


Além do fator “priorização” observado, nota-se outra questão: a maioria não tem o hábito de pesquisar atrações, revirar os guias culturais e consultar sites pela Web. Quem está habituado aos filmes da Augusta, por exemplo, sabe como e, em quais veículos de comunicação estão as atrações da cidade.

Em contrapartida, os Concertos Matinais da grandiosa Sala São Paulo traz ao público ingressos a dois reais. Embora, haja certa popularização, a maioria do público ainda é composta por cidadãos que podem pagar por um concerto musical equivalente a R$ 200,00. A elite usufrui as atrações que deveriam chegar até a população como um todo. Se aplicarmos a teoria da “priorização”, aqui discutida, podemos condicionar a sua existência a outra tese, o “hábito de pesquisar”.Nota-se a necessidade de propagar a diversidade cultural por todas as ruas e vielas deste mundo chamado São Paulo.

3 comentários:

  1. Letícia. Em primeiro lugar parabéns pelos textos saborosos que tem colocado aqui. Você nos ataca em um lado dinâmico e ficamos com vontade de saber até o fim o que se quer falar.

    Sobre o tema abordado no texto, depois da experiência da Bienal de Artes de 2008, onde me vi exposto em uma obra que em poucos minutos fez-me refletir sobre milhões de coisas, percebi que a cultura está ligada ou disponível a poucas pessoas, pois a mesma faz a população pensar de forma transgressora. O que talvez não seja interessante para a elite ou políticos dominantes e corruptos.

    Nós como minoria participante desses eventos sabemos o quanto é importante manter a mente em ação, buscar a nossa fonte artística e intelectual, porém a questão maior e saber até que ponto a população periférica (distantes dessa realidade cultural) terá como opções de cultura o futebol e as igrejas? Que, sem querer generalizar, provoca certa alienação e nos tira do ponto de criticas e ações sociais.

    Um mega beijo.
    Luciano Carvalho

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  2. Bom, eu vou de samba de uma nota só. Acho que muita coisa poderia ser diferente se tivéssemos uma boa educação.

    Acho que deveríamos ser apresentados desde cedo aos prazeres dos livros, das artes plásticas, cênicas e da música. E outros mais. Mas, ao contrário, o nosso maior evento para "estímulo da leitura" é a Bienal do Livro, organizada pela Francal, empresa especializada em feira de negócios! Por que a principal ação a favor da leitura não aproveita as bibliotecas, onde podemos ler de graça?

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  3. Pessoal, me sinto honrada de fazer parte deste projeto, como é bom a troca de inspirações.

    Lu, aquela Bienal foi fantástica! Jamais esquecerei, assim como aquela aventura pelo centro de SP.

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